domingo, 27 de novembro de 2011

A VISITA AO CEMITÉRIO

O túmulo do Soldado Anônimo

Estou em São Paulo há 16 anos, e nunca tinha visitado um cemitério. Não em condições de visita. As duas únicas vezes que estive foi para cumprir protocolo, ou melhor, para fazer papel de educado, pois foi meio a contragosto. A situação exigia pelo fato de conhecer os defuntos, não necessariamente para ir prestar homenagem.

Hoje, estive em um Congresso no Pavilhão Vera Cruz, e na volta resolvi ao passar em frente ao Cemitério Vila Euclides e entrar para ver como era.

Estava meio deprimido, me sentido só. Estive doente por dias a fio e não tive visita ou telefonemas, de forma que, quando a gente está dodói, parece que os sentimentos se intensificam e a carência se aflora. Não namoro há muito tempo, o que se torna um problema quando a gente vive só há muitos anos, e não tem quem faça um chá ou lhe pegue um remédio quando não se consegue levantar da cama.

Ando me sentindo meio só, meio sem ninguém por perto. E não é só o sentimento, é o reflexo da minha vida.

Não tenho família próxima, não tenho tantos amigos, - os que tenho não são amigos, para tanto, não tenho companhia para sair, não tenho pessoas que visite a minha casa. O que é pior: não recebo ligações e nem e-mails, além de cutucadas no facebook, o que me estressa, porque detesto ser cutucado, ainda mais por pessoas que não se dão ao trabalho de conversar, apenas cutucam, como se isso quisesse falar alguma coisa.

Bem, entrei no cemitério e fui caminhando pelas quadras, pelas sepulturas perpétuas me perguntando o que vem a ser isso...

Vi túmulos bonitos, feios, deteriorados, limpos, sujos, lavados, empoeirados, e vi que mesmo dentre os mortos existe preconceitos e diferenciações. Até onde sei, o cemitério é público, e ao contrário de muitos outros, este cemitério não tem aquele lugar destinados e enterrar no chão, pessoas que não tem túmulos.

Todo cidadão sãobernardense tem direito a uma sepultura em algum de seus cemitérios, mas muitos deles estão construídos, como se não coubesse mais ninguém. Tinha túmulos limpos, espelhando enquanto o do lado estava empoeirado. E o pessoal da limpeza da prefeitura estava sobre um e outro limpando... quase perguntei, porque eles não limpavam a todos, já que estavam lá para isso. Mas me contive. Não era momento para contendas!

Lá dentro a paz reina! É um silêncio que em nenhum lugar da cidade tem igual.

É o local ideal para meditação. Onde ninguém lhe perturba e nem o canto dos pássaros é alto o suficiente para interromper os seus pensamentos.

Cada quadra que andava, percebia um ornamento, uma lembrança de saudade, e um sincero sentimento no ar. Como se as covas e as tumbas se comunicassem, e conversassem entre si, num tom de tristeza e paz.

Toda a paz do mundo reinava naquele lugar.

Encontrei um túmulo que me chamou a atenção. Li na sua lápide: Túmulo do “soldado desconhecido”. Uma homenagem da Prefeitura de São Bernardo aos que morreram no cumprimento do seu dever, na revolução de 1924.

Fiquei alguns minutos diante do túmulo desse soldado, imaginando como deve ter sido a sua morte e o seu enterro, sem família, sem amigos, sem ninguém para lhe prestar homenagem.

Chorei por cerca de trinta minutos, de pé ao lado desse túmulo.

Naquele momento, as lágrimas que me saiam dos olhos, eram na verdade, a expressão de toda a dor que estava sentindo, como se tivesse perdido um ente querido. Meu coração apertou, a garganta trancou e me vi inerte ao lado desse túmulo construído em tijolo, sem flores, sem velas e sem nenhum sinal de atenção de família ou conhecidos...

Foi um momento de tanta dor e angústia, que não conseguia separar o sentimento de solidão, do sentimento da perda. Sentei-me ao lado do túmulo dele, e fiz uma prece a Deus.

Na minha prece, o meu pedido foi muito simples, - como fazia tempo que não pedia nada a Deus-, pois sinto que não devo ficar pedindo a Deus, coisas das quais eu consigo fazer, e me dedico a pedir coisas, que não são palpáveis.

Depois dessa melancólica visita, resolvi voltar para casa, e no caminho, comecei a pensar em tudo o que vivi nesta hora de visita. Resolvi que voltarei sempre que quiser pensar melhor. Sempre que necessitar meditar, pois naquele lugar senti paz e sinceridade, que nem o aperto no coração e o trancamento na garganta conseguiu silenciar. Lá se consegue sentir o verdadeiro sentido que a vida nos concede.

Fiquei meio deprimido, e fico imaginando, o porquê de todos me abandonarem. Não ando dando muita atenção a todos, mas ninguém questiona ou tenta entender os meus motivos. Do contrário, todos recriminam, ao invés de procurar entender os meus motivos, e tentar ajudar.

Me sinto órfão de carinho ultimamente, e me sinto de fato como o soldado desconhecido, por este fato talvez, tanto tenha me identificado com a sua lápide.

19 de novembro de 2011
Cemitério Vila Euclides, São Bernardo do Campo / SP

domingo, 16 de outubro de 2011

O Caos Aéreo Nacional

O feriado prolongado, o início do calor, o chegar do friozinho, o fim de semana perto... São vários elementos propícios para fazer aquela viagem. Aproveitar para rever os parentes que moram longe, conhecer o Brasil, com preços mais baixos, sim porque não estamos ainda na “alta temporada”.

Uma maravilha, não fosse a operação padrão. Operação padrão? – Como assim, não existia padrão nos controladores de vôo antes do acidente com o Boeing 737? Tantas questões, nenhuma resposta. Até agora ninguém sabe ao certo o que aconteceu, apenas se sabe que estamos mais uma vez pagando uma conta que não nos pertence.

Nas rodovias sobram buracos, imprudência, não vale a pena arriscar e perder o feriado de finados, tornando-se mais um. Numa dessas curvas da estrada de Santos ou de qualquer outra por aí.

Ar está fora de cogitação. Terra? – Sim, ainda existem algumas ferrovias. Pena que não vão a lugar nenhum porque nosso trilhos “made in brazil” foram feitos em forma única, não são compatíveis com os modelos padrão mundial, por que? – Vai saber. Quando foram construídas as ferrovias brasileiras, os trilhos foram feitos em outra bitola, deve ser o padrão “Tabajara”. - Acho que não vai dar, até porque essa ‘coisa moderna’ já não funciona na maioria das cidades brasileiras.

Por terra e ar, nem pensar. Água? Sim, mas as cidades que não possuem transporte pluvial? Segue a indagação...
Eu ainda sou adepto de voar sem ter asas, mas do jeito que a coisa anda no nosso espaço aéreo dá até medo. A mais nova é que a mania de fundir as companhias aéreas está se alastrando... a VASP sucumbiu-se, a BRA foi pro “BuRAco” a VARIG que eu nunca achava que fosse falir, foi engolida pela Gol, a Ocean Air virou Avianca e agora querem fazer mais um GOL com a Webjet!

Diante de tudo isso, só nos resta apelar a Cristo! O país está parado, porque as filas nos aeroportos não andam, as aeronaves ficam sem manutenção, a Infraero está prestes a ser entregue a iniciativa privada, para mais uma vez a privatização tomar contra do restinho que falta no país. Dá até medo de comprar uma passagem aérea, porque quando vemos aquelas promoções de R$ 10,00 de volta, os sites até congestionam, pois todo mundo quer voar, mesmo sem ter asas, mas quando chega no aeroporto, precisa esperar horas para embarcar! Dá pra dormir com toda essa turbulência? – Você consegue dormir com um “barulho desses?”

O horror nos condena. Até a sétima maravilha do mundo moderno passa batida nessa. – Moderno? – O que é moderno? Não possuir um sistema que possa controlar o nosso espaço aéreo? – Não ter a dignidade de assumir que não existem hoje, condições de se trafegar em segurança no céu?

A modernidade é tanta, que daqui uns dias voltaremos ao tempo das carroças. Sim, como na época dos “morcegos”, que recolhiam as fezes nas casas de madrugada, tão grande é a nossa tecnologia aérea, mas, sobretudo, a nossa incapacidade de admitir que estamos errados e não ferrados como fazem na surdina os palhaços do circo do poder. Financiados por nós, que pagamos para ver o espetáculo.

sábado, 15 de outubro de 2011

Um Nordestino em São Paulo

Arranjei numa padaria o meu primeiro emprego. Tabaréu da roça nunca sabe o que é nada e por nunca ter escutado tamanha peripécia pensava que toda dúzia era de ovo.

No balcão da padoca o distinto cidadão olha para minha cara de baiano retardado recém chegado do nordeste e diz:

- Meia dúzia por favor?!

- Me desgracei na pilha de saquinhos... saquei seis ovos, e para impressioná-lo, os mais bonitos, grandes e brancos da cartela pensando que estava fazendo um FUTURÃO!!!

O coitado do cliente fidelíssimo de tantos anos comprando nessa padaria, viu, mas nunca lhe passou pela cabeça que eu estava pegando para ele esses tão maravilhosos ovos! Pois numa padaria se pede meia dúzia só pode ser de pão.. . pensava ele. Ledo engano.

Depois de 30 segundos de labuta para escolher o melhor ovo para o simpático cliente, volto eufórico por ter conseguido essa façanha em tão pouco tempo de trabalho e com a maior ingenuidade do mundo questiono:

- Algo mais senhor?
Ele fala:
- Eu pedi seis paezinhos.
Eu lhe digo me fazendo de mais rogado ainda:
- Desculpe-me senhor eu não havia compreendido (com o melhor português que alguém que ocupava o meu cargo poderia utilizar).

Me dirigi mais uma vez a pilha de sacolinhas apanho uma que cabe os benditos seis pães, os empacoto e lhe pergunto:

- Algo mais senhor que eu possa ajudá-lo?
Ele responde meio com cara de ué...
- Eu só pedi meia dúzia de paezinhos...e eu completei:
- Não. O senhor pediu meia dúzia e eu lhe apanhei os ovos, e agora mais 06 paezinhos que acabei de apanhá-los.

O coitado do freguês, cara com cara de retardado, olhando para mim com cara de besta ao quadrado, não quis contestar muito e nem relutar pois de certo com toda a certeza eu iria convencê-lo a levar também os ovos que ele nunca havia pedido.

O moço, inquieto me olhou com toda a paciência do mundo.
- Moço...
Eu lhe interrompo:
- Sátiro!!!
Ele:
- Pois bem Satiro.... (ainda falou errado), eu não quero mais a meia dúzia de ovos, que eu lhe pedi. Agora eu só vou querer os 06 pãezinhos, pois lá em casa eles não gostam de pão com ovo.
Eu com a cara de balconista inteligente respondo:
- Não faz mal senhor... eu os recolho.

O coitado sai com o saquinho e seus 06 pãezinhos, enquanto eu com cara de rogado também saio com meia dúzia de ovos, e antes que qualquer pessoa visse, eu numa velocidade de avião... pondo em prática o que aprendi desde criança, lanço a meia dúzia de ovos no lixo. Acreditando que já haviam me causado transtorno demais preferindo assim que ficassem bem longe de mim, quando na realidade eu acreditei piamente que por já ter sido usado uma vez... deveria ir para o lixo e não para o meio dos ovos virgens até então nunca ensacados...

E por pior que pareça até ainda 02 meses depois quando alguém pedia meia dúzia eu dizia meio que revoltado:

- De ovos ou de pão?

Confabulações...

Eu poderia falar sobre muitas coisas.. inclusive sobre a nova febre mundial da internet, das muitas manhãs que passei vendo a chuva cair lá fora, enquanto da janela pensava no momento certo de sair e sujar o pé na lama da fazenda...

Poderia citar um ou dois versículos bíblicos e conferenciar sobre eles, poderia ainda contar história do meu tricentésimo aniversário, ou da primeira ou segunda emenda constitucional sobre o abordo, a criminalidade e assuntos polêmicos.

Tirei o dia, ou melhor, a noite para falar de mim. Do que me vem acontecendo na última semana. Há mais ou menos cinco anos e meio, terminei um relacionamento que durou cerca de dois anos, e que me deixou sequelas muito profundas. Isso não é segredo para ninguém, ou quase ninguém. Daí para cá nunca consegui arranjar alguém que me fizesse sentir a mesma coisa, ou algo melhor;

Recebi ligações de ex-namoradas, com filho, sem filho e me animei por um momento, e do nada de repente estava eu quase entrando na mesma “fria” de novo.

Ri à beca quando descobri que eu não queria de fato isso, mas que seria plausível me dar a chance de tentar ser feliz... tentei, tentei, e nunca desisti de encontrar a felicidade.

Faz uma semana que eu estou perdendo o sono, pensando no que poderia ser, e estou gostando de trocar ideias, conversar, desabafar. Faz uma semana que tudo começou e pela minha sinestesia toda, está sendo uma ideia totalmente reconfortante, por estar conhecendo uma pessoa tão inteligente, madura, capaz de me mostrar um monte de coisas que estavam perdidas novamente em minha alma.

Isso não é amor. Amor é outra coisa, mas é um sentimento sem nome, que não tem descrição ainda, e que causa um pouco de confusão. Mas assanha as minhas ideias, mexe com minha curiosidade, abala as minhas estruturas e me faz sentir totalmente humano de novo. Eu gosto de sentir isso e não tenho medo nenhum de deixar a porta aberta para a entrada de novo tempo.

Pela manhã é a minha melhor hora para pensar, e isso está mudando. Está sendo uma hora que eu uso para dormir, porque já pensei bastante na hora que deito, não pelo fato de estar sozinho, mas é talvez pelo fato de querer estar junto. Entendo que existem complicações, vários obstáculos pela frente, mas não pretendo desistir, pois isso não é de mim...

PRIMEIRA VEZ VOANDO...

VASP - Viação Area de São Paulo (Divulgação)


São Paulo, aeroporto de Congonhas, 2004, mês de maio. Aproveitei o melhor mês para viajar, pois era o mês da baixa temporada e que sobra espaço nas aeronaves para os pobres adquirirem as suas passagens aéreas para todos os cantos do Brasil, por um preço bem acessível e facilitado no cartão de crédito em trocentas suaves prestações.

Depois de muitas pesquisas e cotações, não quis ficar com a mais barata, preocupado em ser a pior, e nem com a de preço intermediário por conta dos últimos acontecimentos desta companhia, há menos de dez anos havia caído um, outro havia desaparecido, e por via das dúvidas melhor não arriscar. Aliás, a primeira vez de avião deve ser marcante, mas nem tanto...

A recém falida VASP, estava já pedindo as contas, e foi nela que eu embarquei. Achei a nave bonita, o preço atraente e porque não unir o útil ao agradável? Caio no mundo.. e embarco no "mundo da aviação" por meio da VASP.

Primeiro transtorno: cancelam o meu vôo sem falar comigo!

Chego ao aeroporto às 11h, uma hora e vinte antes do meu horário previsto e sou notificado que o vôo havia sido cancelado, não sei por que motivo, e que foi transferido para o vôo das 14h20. Como se não bastasse esse cancelamento brusco, o das 14h20 teve um atraso de mais de uma hora e acabo embarcando no vôo das 16h20. Chego a Salvador já às 18h, depois de uma bela turbulência em pleno céu de Belo Horizonte. Uma senhora que ia ao meu lado com ar de madame, abre a sua revista cruza as pernas que mal dava para saber se ela usava uma calça ou se colocara uma trança sobre o colo, com muito mais medo que eu, tentava disfarçar... e eu não perdi um segundo desta cena. Meu medo já havia se transformado em ansiedade pelo pouso. 

Ela olhava para a revista, mas tenho certeza que não lia nada do que ali estava escrito, pois o canto do olho mirava o horizonte por trás das cortinas da janela do avião que dava para o lado esquerdo da asa enorme que balançava feito uma gangorra. Comecei a pensar nos muitos mitos que haviam colocado na minha cabeça, que passava por quebra-molas, que balançava demais, que dava para enjoar, mas nesse eu acreditei porque logo à minha frente tinha uma sacolinha para ser usada em caso de indisposição, (para não falar vômito), logo pensei na minha brilhante imaginação que não iriam colocar aquilo para enfeitar a poltrona, se ali estava certamente tinha alguma utilidade, ainda que fútil.

Antes de terminar de divagar pelo vasto e fértil terreno que é a minha mente, senti uma pontada na barriga. Senti que se não fosse logo teria sérios problemas pela frente. Corri ao fundo da aeronave da Boeing, um 737-200 e avistei aquele banheirinho lindo... ai que emoção!!! Nunca tinha entrado em lugar desses antes, me preparei como um Lord se prepara para encontrar a sua rainha...

Quando adentro, me surpreendo com o tamanho. Não poderia ser menor... mas perdoei, afinal, se não tem tanto espaço assim, lá dentro que todos vão espremidos, como teria espaço dentro de um banheiro de um avião?

Para minha surpresa a porta não trancava, ou eu não sabia como fazê-lo. Sei que foi quase 15min para segurar a porta com uma mão e com a outra abrir o zíper da calça, soltar o cinto, tirar a camisa social de dentro, agachar, sentar e fazer tudo o que tinha de ser feito e recolocar tudo de novo. Eu espero que ninguém do corredor tenha percebido a minha labuta para fazer isso. Se bem que se vissem acho que iriam ajudar, por que a situação era realmente deprimente e constrangedora.

No balanço do avião, não conseguia fazer nada! Imaginava que estava há milhares de metros de altura, a milhares de quilômetros por hora e sentia como se eu estivesse "cagando e andando" literalmente, ou seja: não conseguia.

Quando finalmente terminei minha profissão de fé, em passos largos eu me dirigi ao meu assento ao lado da famigerada senhora que já estava se deliciando dos petiscos que as aeromoças distribuíram quando eu estava me desatolando.

Mas a simpática moça voltou ao meu lugar e perguntou o que eu queria. Antes de eu perguntar o que tinha ela já me adiantou qual era o lanche do momento, e eu aceitei sem exitar muito, embora isso não seja do meu feitio, mas não podia dar vexame, principalmente ao lado da madame chique que estava à minha direita e por não ter parâmetros para comparar, o que poderia ser pior ou melhor.

Ela ainda estava no meio do seu lanche quando o avião deu um solavanco e ela deu um grito! Valei-me minha Nossa Senhora!!! Soltando o pão com manteiginha sobre o seu colo e todo o espaço que sobrava entre a poltrona do meio e ela... não pude me conter. Embora o medo também estivesse sobre mim, a vontade de rir era maior e tive de soltar uma gargalhada sem limite, o que fez com que até lá ela não olhasse para a minha cara, afinal de contas isso não se faz (se não estiver do meu lado, porque se tiver, faz sim).

Descobri de uma vez por todas, que ela não estava lendo coisa nenhuma, estava só olhando para as letras, para evitar fazer o que eu fiz no banheiro há pouco, mas no seu caso, de medo, e que ela estava comendo porque estava ansiosa e se deleitando em tudo o que via pela frente para ver se o tempo passava logo.

Mas de tudo isso o que importa é que eu desci do avião limpinho enquanto ela estava suja de suco e de queijo polenguinho que é tudo o que se serve dentro de um avião como esses...

AMIZADE SINCERA

É impressionante a quantidade de mensagens coletivas que circulam no Orkut com trechos e frases exaltando a amizade. Exemplo:

“Oi amigo, como não posso te abraçar, gostaria de pelo menos poder estar presente no teu dia-a-dia, e expressar a felicidade que tenho de ser seu amigo. Hoje em dia devemos realmente estar o máximo que podemos próximos dos amigos... Quando eu escrevi isso para você, não poderia imaginar tocar tão fundo, mas a realidade é uma só; precisamos sempre de quem nos cerca e amamos. Portanto, sorria sempre e espante a dor e a solidão, e quando quiser bata procurando por mim, o seu eterno amigo”.

Em seguida vem o desenho de um bichinho pedindo para você clicar em cima, o que vai te direcionar a um site qualquer tentando te vender alguma coisa. É cômico receber textos com declarações de amizade tão profunda de pessoas que você nunca viu. Claro que deve ser muito bom ouvir isso de um amigo, mas, cá entre nós, algum amigo já te vez esse tipo de declaração? Para mim, nunca! Tenho amigos de longa data, mas até hoje nenhum deles se declarou de forma tão piegas. Será que a palavra amizade está perdendo o seu real sentido e valor?

A meu ver, a verdadeira demonstração de amizade está em gestos simples e espontâneos. Sem querer imitar os textos “orkutianos”, posso dizer que a verdadeira amizade é uma espécie de amor sem sexo. Que o amigo verdadeiro só faz críticas construtivas, não tentar te derrubar e te aceita como você é, porque admira tuas qualidades e não dá muita atenção aos teus defeitos.

O amigo verdadeiro é aquele que não te abandona quando a barra pesa. Quando você tem grana e saúde é fácil ter amigos, mas quando você está em um hospital ou levou uma rasteira da vida e perdeu tudo, só o verdadeiro amigo fica do teu lado, segura a tua mão e diz: “Calma, tudo vai dar certo”.

O verdadeiro amigo é aquele que continua ao teu lado quando, todo mundo já se foi.

Amigo de verdade te acompanha mesmo estando longe e fica feliz com o teu sucesso. Ele diz o que pensa sem querer te ofender e com todo cuidado para não parecer superior. Ele se “espelha” em você, quer ser igual a você. Ele não te abandona na balada apesar da sua chatice, decorrente do porre que tomou. Fica ali ouvindo carinhosamente as baboseiras que você diz, e, com certeza vai rir delas com você amanhã.

O verdadeiro amigo, não some quando está namorando, quer que você participe de sua felicidade, e quando você arruma um novo amor, torce para que tudo dê certo e vira até um conselheiro sentimental, em caso de briga, visando sempre a tua felicidade. A verdadeira amizade não precisa de mensagens públicas para você lembrar que ela existe. Você sente sua consideração e a história da relação mostra o quanto essa amizade é sincera.
Você concorda?

terça-feira, 12 de abril de 2011

A Dieta Infeliz

Duas semanas atrás cometi um pecado! Falar-lhes-ei sobre ele.

Durante o mês de fevereiro, eu almocei religiosamente bem. Feijão, arroz, um bife grelhado, ou de frango ou de carne vermelha (nunca peixes, pois além de não gostar, é caro), e sempre salada de legumes, alfaces...

Não tomo café da manhã em casa. Na empresa eu tomava um copo de café com leite e um salgado assado.
Fim da tarde, outro salgado, ou um pão de queijo qualquer mais um copo de café com leite. Volto para casa, bebo um copo de água, ou dois... raramente uma xícara de café preto, faço uma cruz na boca, e cama....

Bom, durante o mês de março inteiro, eu resolvi perder uns quilos, uma vez que mesmo esse regime não tem me ajudado muito.

Chegou o inicio de março, e comecei a rotina.

Manhã – 1 salgado com café com leite às 08h30.

Almoço – 102h30, com 1 filé de frango grelhado, com uma mísera fatia de queijo mussarela por cima, três fatias de tomate e 2 folhas de alface.

Café da tarde – 1 copo de café com leite e um salgado, ou pão na chapa, ou qualquer outra coisa.
Jantar – um copo d’água e uma cruz na boca.

Já estava me sentindo uma raposa de tanto comer frango, todos os dias... olhava para um frango na rua, e ficava ouriçado para “caçar” o bendito.

Passava por uma árvore e queria comer as folhas, parecendo uma cabra quando vê um mato verde...
Enfim, iniciou-se o mês de abril, e eu esverdeado de fraqueza, em plena sexta-feira, me dirijo ao shopping que deixara de freqüentar, exatamente por conta das guloseimas que lá tem... passo pela farmácia e a vaca da balança aponta: 102,400 kg! Vou na farmácia da frente conferir... já estava com uma coisa dentro de mim, que achava que a qualquer momento, fosse ter um parto cesariano de ódio, com uma mistura tão acefalada de ódio com revolta que se aquele filho fosse despejado no meio do caminho, penso que iria contaminar mais do que a irradiação do reator 4 daquela cidadezinha devastada pelo tsunami do Japão.

Me dirijo à balança, e antes que alguém pudesse dizer alguma coisa, aquele ponteiro infeliz que mais parece um sinalizador do diabo, chegou aos 80, 90, 100 em uma velocidade maior do que um tiro de merda quando quer sair ânus afora em direção à liberdade...

Bateu 102 kilos!

Não praguejei uma silaba. E fui rumo ao shopping, imaginando que comeria, afinal, de que adiantou uma dieta pragmática de 30 dias, para não perder nem 100 gramas?

Uma dieta que forçou ficar fraco à base de frango e alface! Mas precisei me conter.
Pedi para a mocinha:

2 contra-filés acebolado
2 porçoes de maionese
1 batata frita
1 pure de batata
1 farofa de bacon
1 feijão
1 porção de arroz
1 suco de manga 500ml

Comi isso tudo com uma ira por dentro que mal mastigava. Engolia a carne inteira, para não quebrar o aparelho que arrasto entre os dentes e voltei para a empresa com a sensação de que iria comer o mundo se fosse feito de chocolate.

Por volta de 16h, a equipe que trabalho, havia programado uma festinha de aniversário de uma das mocinhas... e eu simplesmente comi 16 salgados, mais 2 pedaços de bolo recheado com doce de leite e ameixa e bebi uns dois copos de refrigerante (que não bebia há meses)...

Vim para casa, ainda com esse sentimento de ódio contra a balança. Foi de maneira tal que se eu descobrisse quem inventou balança, eu rogava uma praga para quebrar uma perna, tanto era meu ódio.
Em casa, comi 1 caixa inteira de chocolate BIS, da Lacta, e metade de uma de bombons da Garoto. Não comi mais, porque senti que ia chamar o Hugo se continuasse!

Não sei onde eu consegui armazenar tanta comida.

O que eu sei é que comi feito um boi, e minha consciência não pesou. Ou seja: vou continuar comendo, se é para morrer de fome e continuar gordo... quero ser gordo de barriga cheia!

Estou solteiro, casar não vou... não estou namorando, e nem pretendo.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Nariz de Palhaço x Reforma Política

O que mais tem se falado nestes últimos dias, é a Reforma Política que o Brasil está tentando consolidar, e por isso vem penando ultimamente.

O governo brasileiro está tentando encontrar uma forma de mudar o regime eleitoral para as próximas eleições.

Como se não achassem que está muito bom como está, agora estão inventando moda. O nosso congresso está prestes a votar uma lei que diz que a nossa forma de eleger candidatos tem de ser diferente!
Hoje, todos conhecem o regime adotado para eleger nossos candidatos, por meio do voto direto.
O eleitor escolhe um nome, dentre tantos, dá-lhe um voto de confiança, que em 99% das vezes é traída, porque nunca vi um deputado deixar a população feliz, a menos que morra – como vi semana passada, na morte do ex-vice-presidente! - Eita que cargo, sem graça... além de ser vice, ser ex! Todos os jornais, deputados, senadores, governadores elogiaram tanto o morto que eu ficava sem jeito! Nunca vi até hoje uma obra desse homem tão falado, velado com honras de chefe de estado, que quase me fizeram acreditar que foi um “São Pedro Apóstolo” da política brasileira. - Mas voltemos à reforma:

O Congresso e a Câmara, estão divididos entre quatro maneiras de eleger os governantes além do voto direto, que hoje estamos habituados, constitucionalissimamente, até porque os deputados, senadores, governadores não deixam de ser governo, mesmo que sejam da oposição.
Está em votação outros tantos regimes:

Lista Fechada, em que você vota em uma lista, sem saber quem vai eleger, e depois de votados, o partido escolhe quem vai ser o eleito. O eleitor não pode mexer na ordem da lista, é como votar em não sabe quem!

Distrital, em que voltaríamos a idéia do colégio eleitoral, que a gente elege um grupo e este grupo escolhe quem são os mais bem votados.

Distrital Misto, que pretende misturar a cabeça de todo mundo, escolhendo os mais bem votados da lista fechada; os deputados são eleitos pelos distritos, e tem o:

Deixa como está para ver como é que fica esse que a gente tem hoje, que bem ou mal, é o que ainda funciona.

Pode ser que sejamos convocados para decidir o melhor regime eleitoral.

No SENADO está tramitando a idéia do referendo, ou seja é criada a lei, e depois vão perguntar o eleitorado, o que acham da lei, se aprovada continua como lei, se não, volta tudo como era antes.

Já na CAMARA, tem a idéia do plebiscito, em que a proposta é consultar primeiramente a população, por meio do voto, o que acham da mudança do regime eleitoral, igual foi feito em 1993, quando foi escolhido o Sistema e o Regime de Governo, em que foi escolhido o presidencialismo, e a República.
Já está virando moda agora ferir a Constituição...
Depois do caso do salário mínimo que feriram drasticamente a constituição que diz:

“Art. 7º. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à
melhoria de sua condição social:

IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado...”

Até onde sei, o LEGISLATIVO, é responsável por criar leis, mas agora a presidenta, vai promulgar o salário por decreto presidencial...
Eu detesto ser o cara do “eu te disse”, mas eu já dizia que isso iria virar patifaria.
Agora tem um outro artigo sendo arbitrariamente violado... Artigo 60, parágrafo 4º:
“§ 4º. Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:

I - a forma federativa de Estado;
II - o voto direto, secreto, universal e periódico;”
Até onde me consta, se eu for votar em uma lista que tem um monte de nomes, dos quais eu não posso escolher o que eu prefiro, esse voto deixa de ser direto! Logo é inconstitucional...
Agora com tanta palhaçada em Brasília, eu já comprei o meu nariz vermelho, e você?

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Ser ou não ser de alguém

Na hora de cantar todo mundo enche o peito nas boates, levanta os braços, sorri e dispara: "eu sou de ninguém, eu sou de todo mundo e todo mundo é meu também".

No entanto, passado o efeito do uísque com energético e dos beijos descompromissados, os adeptos da geração "tribalista" se dirigem aos consultórios terapêuticos, ou alugam os ouvidos do amigo mais próximo e reclamam de solidão, ausência de interesse das pessoas, descaso e rejeição.

A maioria não quer ser de ninguém, mas que quer que alguém seja seu. Beijar na boca é bom? Claro que é! Se manter sem compromisso, viver rodeado de amigos em baladas animadíssimas é legal? Evidente que sim. Mas por que reclamam depois?
Será que os grupos tribalistas se esqueceram da velha lição ensinada no colégio, onde "toda ação tem uma reação"?

Agir como tribalista tem conseqüências, boas e ruins, como tudo na vida. Não dá, infelizmente, para ficar somente com a cereja do bolo - beijar de língua, namorar e não ser de ninguém.

Para comer a cereja é preciso comer o bolo todo e nele, os ingredientes vão além do descompromisso, como: não receber o famoso telefonema no dia seguinte, não saber se está namorando mesmo depois de sair um mês com a mesma pessoa, não se importar se o outro estiver beijando outra, etc, etc, etc.

Embora já saibam namorar, "os tribalistas" não namoram.
Ficar, também é coisa do passado. A palavra de ordem hoje é "namorix". A pessoa pode ter um, dois e até três namorix ao mesmo tempo. Dificilmente está apaixonada por seus namorix, mas gosta da companhia do outro e de manter a ilusão de que não está sozinho.
Nessa nova modalidade de relacionamento, ninguém pode se queixar de nada.
Caso uma das partes se ausente durante uma semana, a outra deve fingir que nada aconteceu, afinal, não estão namorando.

Aliás, quando foi que se estabeleceu que namoro é sinônimo de cobrança?

A nova geração prega liberdade, mas acaba tendo visões unilaterais. Assim como só deseja "a cereja do bolo tribal", enxerga somente o lado negativo das relações mais sólidas.
Desconhece a delícia de assistir um filme debaixo das cobertas num dia chuvoso comendo pipoca com chocolate quente, o prazer de dormir junto abraçado, roçando os pés sob as cobertas e a troca de cumplicidade, carinho e amor. Namorar é algo que vai muito além das cobranças.

É cuidar do outro e ser cuidado por ele, é telefonar só para dizer boa noite, ter uma boa companhia para ir ao cinema de mãos dadas, transar por amor, ter alguém para fazer e receber cafuné, um colo para chorar, uma mão para enxugar lágrimas, enfim, é ter alguém para amar. Já dizia o poeta que "amar se aprende amando" e se seguirmos seu raciocínio, esbarraremos na lição que nos foi passada nas décadas passadas: relação é sinônimo de desilusão.

O número avassalador de divórcios nos últimos tempos, só veio a confirmar essa tese e aqueles que se divorciaram (pais e mães dos adeptos do tribalismo), vendem na maioria das vezes a idéia de que casar é um péssimo negócio e que uma relação sólida é sinônimo de frustrações futuras. Talvez seja por isso que pronunciar a palavra "namoro" traga tanto medo e rejeição.

No entanto, vivemos em uma época muito diferente daquela em que nossos pais viveram. Hoje podemos optar com maior liberdade e não somos mais obrigados a "comer sal junto até morrer".

Não se trata de responsabilizar pais e mães, ou atribuir um significado latente aos acontecimentos vividos e assimilados na infância, pois somos responsáveis por nossas escolhas, assim como o que fazemos com as lições que nos chegam. A questão não é causal, mas quem sabe correlacional. Podemos aprender amar se relacionando. Trocando experiências, afetos, conflitos e sensações.

Não precisamos amar sob os conceitos que nos foram passados.

Somos livres para optarmos. E ser livre não é beijar na boca e não ser de ninguém. É ter coragem, ser autêntico e se permitir viver um sentimento... É arriscar, pagar para ver e correr atrás da felicidade. É doar e receber, é estar disponível de alma, para que as surpresas da vida possam aparecer...

Arnaldo Jabor

domingo, 9 de janeiro de 2011

Algo bom está acontecendo comigo...

Eu poderia falar sobre muitas coisas.. inclusive sobre a nova febre mundial da internet, das muitas manhãs que passei vendo a chuva cair lá fora, enquanto da janela pensava no momento certo de sair e sujar o pé na lama da fazenda...

Poderia citar um ou dois versículos bíblicos e conferenciar sobre eles, poderia ainda contar história do meu tricentésimo aniversário, ou da primeira ou segunda emenda constitucional sobre o abordo, a criminalidade e assuntos polêmicos.

Tirei o dia, ou melhor, a noite para falar de mim. Do que me vem acontecendo na última semana. Há mais ou menos cinco anos e meio, terminei um relacionamento que durou cerca de dois anos, e que me deixou seqüelas muito profundas. Isso não é segredo para ninguém, ou quase ninguém. Daí para cá nunca consegui arranjar alguém que me fizesse sentir a mesma coisa, ou algo melhor;

Recebi ligações de ex-namoradas, com filho, sem filho e me animei por um momento, e do nada de repente estava eu quase entrando na mesma “fria” de novo.

Ri à beca quando descobri que eu não queria de fato isso, mas que seria plausível me dar a chance de tentar ser feliz... tentei, tentei, e nunca desisti de encontrar a felicidade.

Faz uma semana que eu estou perdendo o sono, pensando no que poderia ser, e estou gostando de trocar idéias, conversar, desabafar. Faz uma semana que tudo começou e pela minha sinestesia toda, está sendo uma idéia totalmente reconfortante, por estar conhecendo uma pessoa tão inteligente, madura, capaz de me mostrar um monte de coisas que estavam perdidas novamente em minha alma.

Isso não é amor. Amor é outra coisa, mas é um sentimento sem nome, que não tem descrição ainda, e que causa um pouco de confusão. Mas assanha as minhas idéias, mexe com minha curiosidade, abala as minhas estruturas e me faz sentir totalmente humano de novo. Eu gosto de sentir isso e não tenho medo nenhum de deixar a porta aberta para a entrada de novo tempo.

Pela manhã é a minha melhor hora para pensar, e isso está mudando. Está sendo uma hora que eu uso para dormir, porque já pensei bastante na hora que deito, não pelo fato de estar sozinho, mas é talvez pelo fato de querer estar junto. 

Entendo que existem complicações, vários obstáculos pela frente, mas não pretendo desistir, pois isso não é de mim.

O Brasão dos Sátiros