domingo, 16 de outubro de 2011

O Caos Aéreo Nacional

O feriado prolongado, o início do calor, o chegar do friozinho, o fim de semana perto... São vários elementos propícios para fazer aquela viagem. Aproveitar para rever os parentes que moram longe, conhecer o Brasil, com preços mais baixos, sim porque não estamos ainda na “alta temporada”.

Uma maravilha, não fosse a operação padrão. Operação padrão? – Como assim, não existia padrão nos controladores de vôo antes do acidente com o Boeing 737? Tantas questões, nenhuma resposta. Até agora ninguém sabe ao certo o que aconteceu, apenas se sabe que estamos mais uma vez pagando uma conta que não nos pertence.

Nas rodovias sobram buracos, imprudência, não vale a pena arriscar e perder o feriado de finados, tornando-se mais um. Numa dessas curvas da estrada de Santos ou de qualquer outra por aí.

Ar está fora de cogitação. Terra? – Sim, ainda existem algumas ferrovias. Pena que não vão a lugar nenhum porque nosso trilhos “made in brazil” foram feitos em forma única, não são compatíveis com os modelos padrão mundial, por que? – Vai saber. Quando foram construídas as ferrovias brasileiras, os trilhos foram feitos em outra bitola, deve ser o padrão “Tabajara”. - Acho que não vai dar, até porque essa ‘coisa moderna’ já não funciona na maioria das cidades brasileiras.

Por terra e ar, nem pensar. Água? Sim, mas as cidades que não possuem transporte pluvial? Segue a indagação...
Eu ainda sou adepto de voar sem ter asas, mas do jeito que a coisa anda no nosso espaço aéreo dá até medo. A mais nova é que a mania de fundir as companhias aéreas está se alastrando... a VASP sucumbiu-se, a BRA foi pro “BuRAco” a VARIG que eu nunca achava que fosse falir, foi engolida pela Gol, a Ocean Air virou Avianca e agora querem fazer mais um GOL com a Webjet!

Diante de tudo isso, só nos resta apelar a Cristo! O país está parado, porque as filas nos aeroportos não andam, as aeronaves ficam sem manutenção, a Infraero está prestes a ser entregue a iniciativa privada, para mais uma vez a privatização tomar contra do restinho que falta no país. Dá até medo de comprar uma passagem aérea, porque quando vemos aquelas promoções de R$ 10,00 de volta, os sites até congestionam, pois todo mundo quer voar, mesmo sem ter asas, mas quando chega no aeroporto, precisa esperar horas para embarcar! Dá pra dormir com toda essa turbulência? – Você consegue dormir com um “barulho desses?”

O horror nos condena. Até a sétima maravilha do mundo moderno passa batida nessa. – Moderno? – O que é moderno? Não possuir um sistema que possa controlar o nosso espaço aéreo? – Não ter a dignidade de assumir que não existem hoje, condições de se trafegar em segurança no céu?

A modernidade é tanta, que daqui uns dias voltaremos ao tempo das carroças. Sim, como na época dos “morcegos”, que recolhiam as fezes nas casas de madrugada, tão grande é a nossa tecnologia aérea, mas, sobretudo, a nossa incapacidade de admitir que estamos errados e não ferrados como fazem na surdina os palhaços do circo do poder. Financiados por nós, que pagamos para ver o espetáculo.

sábado, 15 de outubro de 2011

Um Nordestino em São Paulo

Arranjei numa padaria o meu primeiro emprego. Tabaréu da roça nunca sabe o que é nada e por nunca ter escutado tamanha peripécia pensava que toda dúzia era de ovo.

No balcão da padoca o distinto cidadão olha para minha cara de baiano retardado recém chegado do nordeste e diz:

- Meia dúzia por favor?!

- Me desgracei na pilha de saquinhos... saquei seis ovos, e para impressioná-lo, os mais bonitos, grandes e brancos da cartela pensando que estava fazendo um FUTURÃO!!!

O coitado do cliente fidelíssimo de tantos anos comprando nessa padaria, viu, mas nunca lhe passou pela cabeça que eu estava pegando para ele esses tão maravilhosos ovos! Pois numa padaria se pede meia dúzia só pode ser de pão.. . pensava ele. Ledo engano.

Depois de 30 segundos de labuta para escolher o melhor ovo para o simpático cliente, volto eufórico por ter conseguido essa façanha em tão pouco tempo de trabalho e com a maior ingenuidade do mundo questiono:

- Algo mais senhor?
Ele fala:
- Eu pedi seis paezinhos.
Eu lhe digo me fazendo de mais rogado ainda:
- Desculpe-me senhor eu não havia compreendido (com o melhor português que alguém que ocupava o meu cargo poderia utilizar).

Me dirigi mais uma vez a pilha de sacolinhas apanho uma que cabe os benditos seis pães, os empacoto e lhe pergunto:

- Algo mais senhor que eu possa ajudá-lo?
Ele responde meio com cara de ué...
- Eu só pedi meia dúzia de paezinhos...e eu completei:
- Não. O senhor pediu meia dúzia e eu lhe apanhei os ovos, e agora mais 06 paezinhos que acabei de apanhá-los.

O coitado do freguês, cara com cara de retardado, olhando para mim com cara de besta ao quadrado, não quis contestar muito e nem relutar pois de certo com toda a certeza eu iria convencê-lo a levar também os ovos que ele nunca havia pedido.

O moço, inquieto me olhou com toda a paciência do mundo.
- Moço...
Eu lhe interrompo:
- Sátiro!!!
Ele:
- Pois bem Satiro.... (ainda falou errado), eu não quero mais a meia dúzia de ovos, que eu lhe pedi. Agora eu só vou querer os 06 pãezinhos, pois lá em casa eles não gostam de pão com ovo.
Eu com a cara de balconista inteligente respondo:
- Não faz mal senhor... eu os recolho.

O coitado sai com o saquinho e seus 06 pãezinhos, enquanto eu com cara de rogado também saio com meia dúzia de ovos, e antes que qualquer pessoa visse, eu numa velocidade de avião... pondo em prática o que aprendi desde criança, lanço a meia dúzia de ovos no lixo. Acreditando que já haviam me causado transtorno demais preferindo assim que ficassem bem longe de mim, quando na realidade eu acreditei piamente que por já ter sido usado uma vez... deveria ir para o lixo e não para o meio dos ovos virgens até então nunca ensacados...

E por pior que pareça até ainda 02 meses depois quando alguém pedia meia dúzia eu dizia meio que revoltado:

- De ovos ou de pão?

Confabulações...

Eu poderia falar sobre muitas coisas.. inclusive sobre a nova febre mundial da internet, das muitas manhãs que passei vendo a chuva cair lá fora, enquanto da janela pensava no momento certo de sair e sujar o pé na lama da fazenda...

Poderia citar um ou dois versículos bíblicos e conferenciar sobre eles, poderia ainda contar história do meu tricentésimo aniversário, ou da primeira ou segunda emenda constitucional sobre o abordo, a criminalidade e assuntos polêmicos.

Tirei o dia, ou melhor, a noite para falar de mim. Do que me vem acontecendo na última semana. Há mais ou menos cinco anos e meio, terminei um relacionamento que durou cerca de dois anos, e que me deixou sequelas muito profundas. Isso não é segredo para ninguém, ou quase ninguém. Daí para cá nunca consegui arranjar alguém que me fizesse sentir a mesma coisa, ou algo melhor;

Recebi ligações de ex-namoradas, com filho, sem filho e me animei por um momento, e do nada de repente estava eu quase entrando na mesma “fria” de novo.

Ri à beca quando descobri que eu não queria de fato isso, mas que seria plausível me dar a chance de tentar ser feliz... tentei, tentei, e nunca desisti de encontrar a felicidade.

Faz uma semana que eu estou perdendo o sono, pensando no que poderia ser, e estou gostando de trocar ideias, conversar, desabafar. Faz uma semana que tudo começou e pela minha sinestesia toda, está sendo uma ideia totalmente reconfortante, por estar conhecendo uma pessoa tão inteligente, madura, capaz de me mostrar um monte de coisas que estavam perdidas novamente em minha alma.

Isso não é amor. Amor é outra coisa, mas é um sentimento sem nome, que não tem descrição ainda, e que causa um pouco de confusão. Mas assanha as minhas ideias, mexe com minha curiosidade, abala as minhas estruturas e me faz sentir totalmente humano de novo. Eu gosto de sentir isso e não tenho medo nenhum de deixar a porta aberta para a entrada de novo tempo.

Pela manhã é a minha melhor hora para pensar, e isso está mudando. Está sendo uma hora que eu uso para dormir, porque já pensei bastante na hora que deito, não pelo fato de estar sozinho, mas é talvez pelo fato de querer estar junto. Entendo que existem complicações, vários obstáculos pela frente, mas não pretendo desistir, pois isso não é de mim...

PRIMEIRA VEZ VOANDO...

VASP - Viação Area de São Paulo (Divulgação)


São Paulo, aeroporto de Congonhas, 2004, mês de maio. Aproveitei o melhor mês para viajar, pois era o mês da baixa temporada e que sobra espaço nas aeronaves para os pobres adquirirem as suas passagens aéreas para todos os cantos do Brasil, por um preço bem acessível e facilitado no cartão de crédito em trocentas suaves prestações.

Depois de muitas pesquisas e cotações, não quis ficar com a mais barata, preocupado em ser a pior, e nem com a de preço intermediário por conta dos últimos acontecimentos desta companhia, há menos de dez anos havia caído um, outro havia desaparecido, e por via das dúvidas melhor não arriscar. Aliás, a primeira vez de avião deve ser marcante, mas nem tanto...

A recém falida VASP, estava já pedindo as contas, e foi nela que eu embarquei. Achei a nave bonita, o preço atraente e porque não unir o útil ao agradável? Caio no mundo.. e embarco no "mundo da aviação" por meio da VASP.

Primeiro transtorno: cancelam o meu vôo sem falar comigo!

Chego ao aeroporto às 11h, uma hora e vinte antes do meu horário previsto e sou notificado que o vôo havia sido cancelado, não sei por que motivo, e que foi transferido para o vôo das 14h20. Como se não bastasse esse cancelamento brusco, o das 14h20 teve um atraso de mais de uma hora e acabo embarcando no vôo das 16h20. Chego a Salvador já às 18h, depois de uma bela turbulência em pleno céu de Belo Horizonte. Uma senhora que ia ao meu lado com ar de madame, abre a sua revista cruza as pernas que mal dava para saber se ela usava uma calça ou se colocara uma trança sobre o colo, com muito mais medo que eu, tentava disfarçar... e eu não perdi um segundo desta cena. Meu medo já havia se transformado em ansiedade pelo pouso. 

Ela olhava para a revista, mas tenho certeza que não lia nada do que ali estava escrito, pois o canto do olho mirava o horizonte por trás das cortinas da janela do avião que dava para o lado esquerdo da asa enorme que balançava feito uma gangorra. Comecei a pensar nos muitos mitos que haviam colocado na minha cabeça, que passava por quebra-molas, que balançava demais, que dava para enjoar, mas nesse eu acreditei porque logo à minha frente tinha uma sacolinha para ser usada em caso de indisposição, (para não falar vômito), logo pensei na minha brilhante imaginação que não iriam colocar aquilo para enfeitar a poltrona, se ali estava certamente tinha alguma utilidade, ainda que fútil.

Antes de terminar de divagar pelo vasto e fértil terreno que é a minha mente, senti uma pontada na barriga. Senti que se não fosse logo teria sérios problemas pela frente. Corri ao fundo da aeronave da Boeing, um 737-200 e avistei aquele banheirinho lindo... ai que emoção!!! Nunca tinha entrado em lugar desses antes, me preparei como um Lord se prepara para encontrar a sua rainha...

Quando adentro, me surpreendo com o tamanho. Não poderia ser menor... mas perdoei, afinal, se não tem tanto espaço assim, lá dentro que todos vão espremidos, como teria espaço dentro de um banheiro de um avião?

Para minha surpresa a porta não trancava, ou eu não sabia como fazê-lo. Sei que foi quase 15min para segurar a porta com uma mão e com a outra abrir o zíper da calça, soltar o cinto, tirar a camisa social de dentro, agachar, sentar e fazer tudo o que tinha de ser feito e recolocar tudo de novo. Eu espero que ninguém do corredor tenha percebido a minha labuta para fazer isso. Se bem que se vissem acho que iriam ajudar, por que a situação era realmente deprimente e constrangedora.

No balanço do avião, não conseguia fazer nada! Imaginava que estava há milhares de metros de altura, a milhares de quilômetros por hora e sentia como se eu estivesse "cagando e andando" literalmente, ou seja: não conseguia.

Quando finalmente terminei minha profissão de fé, em passos largos eu me dirigi ao meu assento ao lado da famigerada senhora que já estava se deliciando dos petiscos que as aeromoças distribuíram quando eu estava me desatolando.

Mas a simpática moça voltou ao meu lugar e perguntou o que eu queria. Antes de eu perguntar o que tinha ela já me adiantou qual era o lanche do momento, e eu aceitei sem exitar muito, embora isso não seja do meu feitio, mas não podia dar vexame, principalmente ao lado da madame chique que estava à minha direita e por não ter parâmetros para comparar, o que poderia ser pior ou melhor.

Ela ainda estava no meio do seu lanche quando o avião deu um solavanco e ela deu um grito! Valei-me minha Nossa Senhora!!! Soltando o pão com manteiginha sobre o seu colo e todo o espaço que sobrava entre a poltrona do meio e ela... não pude me conter. Embora o medo também estivesse sobre mim, a vontade de rir era maior e tive de soltar uma gargalhada sem limite, o que fez com que até lá ela não olhasse para a minha cara, afinal de contas isso não se faz (se não estiver do meu lado, porque se tiver, faz sim).

Descobri de uma vez por todas, que ela não estava lendo coisa nenhuma, estava só olhando para as letras, para evitar fazer o que eu fiz no banheiro há pouco, mas no seu caso, de medo, e que ela estava comendo porque estava ansiosa e se deleitando em tudo o que via pela frente para ver se o tempo passava logo.

Mas de tudo isso o que importa é que eu desci do avião limpinho enquanto ela estava suja de suco e de queijo polenguinho que é tudo o que se serve dentro de um avião como esses...

AMIZADE SINCERA

É impressionante a quantidade de mensagens coletivas que circulam no Orkut com trechos e frases exaltando a amizade. Exemplo:

“Oi amigo, como não posso te abraçar, gostaria de pelo menos poder estar presente no teu dia-a-dia, e expressar a felicidade que tenho de ser seu amigo. Hoje em dia devemos realmente estar o máximo que podemos próximos dos amigos... Quando eu escrevi isso para você, não poderia imaginar tocar tão fundo, mas a realidade é uma só; precisamos sempre de quem nos cerca e amamos. Portanto, sorria sempre e espante a dor e a solidão, e quando quiser bata procurando por mim, o seu eterno amigo”.

Em seguida vem o desenho de um bichinho pedindo para você clicar em cima, o que vai te direcionar a um site qualquer tentando te vender alguma coisa. É cômico receber textos com declarações de amizade tão profunda de pessoas que você nunca viu. Claro que deve ser muito bom ouvir isso de um amigo, mas, cá entre nós, algum amigo já te vez esse tipo de declaração? Para mim, nunca! Tenho amigos de longa data, mas até hoje nenhum deles se declarou de forma tão piegas. Será que a palavra amizade está perdendo o seu real sentido e valor?

A meu ver, a verdadeira demonstração de amizade está em gestos simples e espontâneos. Sem querer imitar os textos “orkutianos”, posso dizer que a verdadeira amizade é uma espécie de amor sem sexo. Que o amigo verdadeiro só faz críticas construtivas, não tentar te derrubar e te aceita como você é, porque admira tuas qualidades e não dá muita atenção aos teus defeitos.

O amigo verdadeiro é aquele que não te abandona quando a barra pesa. Quando você tem grana e saúde é fácil ter amigos, mas quando você está em um hospital ou levou uma rasteira da vida e perdeu tudo, só o verdadeiro amigo fica do teu lado, segura a tua mão e diz: “Calma, tudo vai dar certo”.

O verdadeiro amigo é aquele que continua ao teu lado quando, todo mundo já se foi.

Amigo de verdade te acompanha mesmo estando longe e fica feliz com o teu sucesso. Ele diz o que pensa sem querer te ofender e com todo cuidado para não parecer superior. Ele se “espelha” em você, quer ser igual a você. Ele não te abandona na balada apesar da sua chatice, decorrente do porre que tomou. Fica ali ouvindo carinhosamente as baboseiras que você diz, e, com certeza vai rir delas com você amanhã.

O verdadeiro amigo, não some quando está namorando, quer que você participe de sua felicidade, e quando você arruma um novo amor, torce para que tudo dê certo e vira até um conselheiro sentimental, em caso de briga, visando sempre a tua felicidade. A verdadeira amizade não precisa de mensagens públicas para você lembrar que ela existe. Você sente sua consideração e a história da relação mostra o quanto essa amizade é sincera.
Você concorda?

O Brasão dos Sátiros